Arte e cultura no país

19 nov

Olha aí minha gente, esta é uma colaboração de Jeane Hanauer, Mestre em Letras/Análise do Discurso (UFRGS) o/

 

O deserto é um modo de ser.

(Clarice Lispector)

É fácil e ao mesmo tempo difícil falar sobre um tema tão multifacetado como este. Diante das muitas abordagens possíveis e dos muitos elementos envolvidos na discussão, a tarefa se assemelha a algo como  tentar responder à pergunta “quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?”

Previamente aviso, portanto, que meu texto não vai propor soluções, não vai fornecer respostas ou acrescentar algo inédito. Vou apenas “levantar algumas lebres” (como o leitor já terá percebido, gosto desta expressão).

Sempre que discutimos literatura aqui em Foz, é unânime a constatação de que poesia não tem mercado. Vou fazer minha intervenção afirmando, de entrada, que não é a poesia que não dá “ibope”  e que está relegada aos bastidores. É bem pior que isso: o que não vende, o que não tem espaço, não tem mercado, não tem público, etc, etc, é a arte, de modo geral. E, aí, por consequência, o que não tem “consumidor”, na verdade,  é a linguagem poética,  ou seja, a linguagem de que é feito não somente o poema,  mas a linguagem que perpassa toda arte – a música, o circo, o teatro, as artes plásticas, a dança, o cinema, a literatura.  Por que o “código” ou signo poético está também nestas manifestações.

E esta linguagem não tem interlocutor (ou tem poucos) por que a “lógica” estabelecida é outra e parece não haver lugar nela para o poético: a lógica do fútil, do medíocre, do grosseiro,  da burrice mesmo, sem falsos rodeios. E nesta lógica, as pessoas não querem raciocinar: querem “pôr a mão no joelho”, querem ficar “atoladinhas”, querem ir para o Big Brother e por aí afora, para citar apenas algumas aberrações  do lixo midiático do Brasil que atentam contra a arte e o raciocínio.

O agravante é que isso faz parte de um círculo vicioso bem mais complexo e mais feio. É reflexo direto e imediato de um estado de coisas, um modus vivendi e operandi de uma população que, em esmagadora maioria, não é culta, não lê, não usa o intelecto, não reflete, não sabe votar, não acompanha a produção artística e cultural do país e não quer aprender coisas. Há uma parcela, sim, embora ínfima, que está fora desta estatística, felizmente.

Os indícios de tamanha desproporção são óbvios em toda parte: no cinema, a sala que exibe enlatado americano fica cheia, a que exibe cinema nacional (ou qualquer cinema de qualidade) fica vazia. O funk lota os lugares, a bossa nova não. E por aí afora. E a culpa é de quem?  Dos artistas, do público, da mídia, das regras do mercado, do governo ou é de todos? Ou de ninguém? Quem trabalha com arte deve abandonar o que gosta e mudar de ramo? A arte é um produto que deve circular conforme a lei de oferta e demanda?

Esta é uma discussão que nunca terá fim e esse cenário sempre será assim. Porque sempre haverá gente de toda espécie no mundo, ou pelo menos duas espécies. Uma delas se reconhece facilmente, à distância, pela  atitude de criar, observar, aprender, evoluir, libertar-se.

 

 

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Jeane Hanauer



Em clima de Halloween

28 out

Mais uma tirinha enviada pra gente pelo Cleber B. Dessa vez, no clima de Dia das Bruxas!

Mortos-vivos gostam de cérebros, especialmente de cientistas.

Valeu, HQrizando!

Veja a primeira tirinha que o Cleber mandou.

A glória – e o drama – do brasileiro que ganhou um Lamborghini Gallardo de R$ 1,3 milhão no pôquer online

26 out

Essa história foi encontrada no site da Revista Alfa, e foi recomendada pra gente pelo Tiago Mantovani. É de invejar a sorte (e habilidade) do indivíduo…

***

Márcio Cid Holanda é um estudante de jornalismo de 23 anos. Mora com os pais em Fortaleza, no Ceará. Joga pôquer online e ao vivo com frequência, mas não se considera um profissional das cartas. Está indeciso entre fazer carreira no jornalismo e no pôquer. “Estou terminando a faculdade agora”, diz. “Ainda não sei para qual lado seguir.”

Na semana passada, Cid recebeu um ótimo incentivo para optar pelo pôquer: ganhou um Lamborghini Gallardo LP560-4 Coupe num torneio do PokerStars. O modelo custa US$198 mil nos Estados Unidos. No Brasil, vale R$1,3 milhão, segundo a Platinuss, a principal importadora da Lamborghini no país.

Para ganhar o Gallardo, Cid teve de superar 16.847 adversários, numa batalha que durou 11 horas seguidas. Parece muito? Na verdade, o caminho foi ainda maior. “Primeiro, joguei um torneio de US$ 11 que dava vaga para um freeroll”, diz. “Esse freeroll dava duas mil vagas para um segundo freeroll, o do Lamborghini, que teve 16 mil jogadores.”

Cid levou, além do carro, mais 20 mil dólares em dinheiro. Isso significou um aumento de quase 2.200% sobre o seu melhor resultado anterior, um prêmio de 10 mil dólares também na internet.

Pergunto a ele a jogada mais marcante do torneio. “Dei um raise com par de oitos e levei um 3-bet”, conta Cid. “Como estava muito ativo na mesa, resolvi dar um 4-bet de all in. Levei call de um AQs. O flop foi A-A-2. Parecia que o torneio tinha acabado para mim. Mas bateu um oito no river e fiz um full house.” [Se não entendeu algum termo, veja aqui um dicionário do pôquer]

Após a conquista, no entanto, um problema burocrático surgiu no caminho de Cid. O regulamente determinava que o site gastaria até 50 mil dólares com as taxas de importação do veículo, ficando o excedente a cargo do jogador. Além disso, o carro não poderia ser vendido num período de 24 meses.

Para importar um carro novo ao Brasil, os impostos giram em torno de 100% do preço original. Ou seja: Cid precisaria desembolsar 148 mil dólares do próprio bolso para trazer o Gallardo. Isso sem contar os gastos com IPVA, seguro e revisão durante dois anos. Só, então, poderia vendê-lo.

“Já tenho um comprador que pagaria essa diferença nos impostos”, diz Cid. “O problema real é que só posso vender o carro depois de dois anos. Essa parte não consigo entender”. Cid tem outra opção: aceitar 100 mil dólares em dinheiro do PokerStars no lugar do Gallardo. O que não é um bom negócio, já que equivale a apenas 50% do valor do veículo. “Vou tentar receber a Lamborghini. Sinceramente, não sei se vou conseguir.”

Leia abaixo um ping-pong com Márcio Cid Holanda.

Alfa – Você vai ficar com o Lamborghini Gallardo que ganhou ou vender?

Márcio Cid – Não tenho condições de ficar com um veículo desse porte. Os impostos são absurdos. Certeza que não conseguiria pagar nem a primeira revisão! [risos] Queria receber e vender no Brasil, tem muita gente interessada aqui mesmo na minha cidade, Fortaleza.

Acho um absurdo o PokerStars querer pagar somente 100 mil dólares como prêmio pelo carro, já que vale 198 mil. Mas isso está nas regras do torneio, assim como está na regra que não posso vender o carro num período de dois anos. What the fuck? O carro é meu ou não?

Resumindo, o prêmio Lamborghini funciona só como marketing e glamour, já que é notório que jogadores de freeroll nunca irão conseguir receber um carro desse e com certeza irão preferir pegar os 100 mil dólares. Eu vou tentar receber o carro. Sinceramente, não sei se vou conseguir.

Alfa – Qual foi a jogada mais marcante do torneio?

Cid – Foram muitas, é impossível ganhar um torneio com esse field sem dar bad beat , isso é fato. Mas a mão chave do torneio não foi uma bad beat. Fui para um coin flip gigante, pote de chip leader. Dei um raise com par de oitos e levei um 3-bet. Como estava muito ativo na mesa, resolvi dar um 4-bet de all in. Levei um call de AQs. O flop foi A-A-2. Parecia que o torneio tinha acabado para mim. Mas bateu um oito no river e fiz full house. Fiquei enorme com esse pote e consegui manter a liderança no torneio por um bom tempo.

Alfa — Você tem carro? Além da nova Lamborghini, é claro.

Cid — Tenho, sim. Um Polo Sedan 1.6. Nada comparado a uma Lamborghini, mas pra mim já está muito bom! [risos]

Alfa – Qual tinha sido o seu melhor resultado no pôquer antes de ganhar o Lamborghini?

Cid – No domingo anterior, fiquei em segundo no US$ 3,30 com rebuy, em que ganhei 10 mil dólares. No torneio da Lamborghini, além do carro, também levei 20 mil dólares.

Alfa – Você faz faculdade de jornalismo. Pretende ser jornalista ou jogador de pôquer profissional?

Cid – Estou terminando a faculdade agora. Mas não sei para qual lado seguir. Muitos dizem que já sou profissional há muito tempo, porque faz uns dois anos que jogo cash live aqui em Fortaleza e consegui me manter e fazer um bankroll muito bom. Sinceramente, ainda não me considero um profissional, já que vivo com os meus pais e eles que sustentam a casa.

Oceano Ruidoso

19 out

Bom dia! O texto de hoje é de autoria do Filipe José Ignês, em homenagem à Campanha Nacional pelo Silêncio 2010. Legal, né?!

Barulho. Por todos os lados. Não importa onde você esteja, dentro de uma cidade você sempre estará envolto por sons de todas as espécies. Por maior que seja sua concentração e vontade de trabalhar em ambientes totalmente silenciosos, isso nunca passará de uma utopia. Grandes centros atraem pessoas, pessoas geram desenvolvimento e o desenvolvimento em qualquer vertente é igual a muito ruído.

No país em que vivemos encontramos isso em níveis mais elevados ainda, pois além dos barulhos costumeiros do dia a dia em uma cidade, esbarramos também numa grande fonte de poluição auditiva. A cultura. No Brasil, qualquer espécie de demonstração de alegria, divertimento, bem-estar, ou até mesmo, pasmem, “tranqüilidade”, envolve barulho. Som alto vindo de residências, carros desajustados que não deveriam nem estar rodando, pessoas falando a níveis totalmente desnecessários somente para chamarem mais a atenção, coisas que caem e são jogadas, sem citar os nossos grandes amigos motoristas que resolveram em algum ponto de sua vida colocar o máximo possível de reprodutores sonoros em seus carros, para atingir todas as freqüências que suas grandes orelhas conseguem ouvir.

Todo esse som desnecessário atrapalha e ponto final. Não ajuda em nada, muito pelo contrário, destrói a capacidade de concentração de 95% da população e olhe que os outros 5% não são lá muito reconhecidos por se concentrar. Isso nos leva a uma constatação: barulho em excesso ATRASA!

Claudio de Moura Castro, economista formado pela USP que passou 15 anos fora do Brasil, escreve um texto publicado na revista VEJA no qual ele levanta a seguinte questão: “Será que o baixo crescimento da economia não seria resultado do excesso de barulho?”, pois bem Claudio, com certeza não somos atrasados economicamente somente pelo excesso de sons que nos cercam, mas com toda certeza isso ajuda e muito. Muito barulho estimula a NÃO-concentração, o que estimula cada vez menos situações de estudo, trabalho, descobertas, que por fim nos estimulam cada vez mais a nos estagnarmos intelectualmente e vivermos de maneira passiva, sendo levado pelas ondas sonoras que chegam constantemente aos nossos já muito danificados ouvidos.

Um país que não se estimula a crescer, não cresce, não só economicamente, mas em todos os outros sentidos. Barulho deve ser uma opção e não uma regra, porém onde vivemos é exatamente o contrário. Sem pessoas inteligentes, que tenham a chance de pensar e evoluir em silêncio, nas devidas posições de comando em nosso país, teremos cada vez mais dificuldades além das normais que já nos abatem. Reflita você, é mais fácil conversar no silêncio, ou com muito ruído ao redor? E estudar, brincar, comer, dormir, sonhar, chorar, andar, cantar, dançar, correr…

Assim nos acostumamos tanto a essa turbulência sonora, que nem sequer ensinamos aos nossos filhos a viver de maneira diferente. Crianças ganham brinquedos que apelam pela sonoridade, adolescentes usam Ipods a todo volume em seus tímpanos e adultos sonham em comprar um Home-theater para fazer mais e mais sons. Assim voltamos a onde nunca saímos… Barulho.

Dois que se tornam um

18 out

Texto (muito lindinho) da Carol Ramalho.

Enquanto elas tricotam, eles tomam cerveja; Enquanto elas falam sobre roupas e idas ao salão de beleza, eles voltam suados e fedidos do futebol. Se elas dizem que sim, eles dizem que não; Se elas dizem que não, eles dizem que sim. Se ela quer uma noite romântica, ele prefere uma noitada no bar; Se ela quer uma noitada no bar, ele pede por um romance. Se são os amigos dele vocês vão, se são os dela talvez sim, talvez não. Se ela quer chuva, ele prefere o sol; Se ela gosta de mpb, ele prefere a distorção. Se é assim ela reclama, se é assado é a vez dele reclamar. Se ela vai ele não gosta, se ele vai ela não pode opinar; Se ela tá errada chora, se ele tá errado não se importa, mas se beber, chora. Se em um Gol cabem quatro, em um Fusca cabem cinco. Se ela quer um menino ele quer uma menina, se ela quer uma menina ele prefere um menino. Se a cortejam ele se enciúma, se o cortejam ela grita.

Bola-quadrado; pé-mão; céu-inferno; rancor-perdão; muito amor-pouco amor; apego-desapego; sol-chuva; guitarra-violão; televisão-cinema; amor-ódio.

Se ela precisa dele, é porque ele também precisa dela. Se ela é tão diferente dele e ele tão diferente dela quando em sua guerra dos sexos é simplesmente porque quando juntos, a sós, ela é só dele e ele é só dela. Ela é tão ele e ele é tão ela. A metade de 2 é igual a 1. Dois que se tornam um.

“Tropa de Elite” volta com mais história e melhor

13 out

Uma das primeiras cenas de "Tropa de Elite 2"

Post por Letícia Lichacovski.

Segunda-feria, véspera de feriado, recebemos um convite para ir ao cinema assistir “Tropa de Elite 2”. Eram 3h da tarde e quem nos ligou estava na fila para comprar os ingressos. A sessão era as 19h 20min. Só nesse primeiro final de semana em exibição, mais de 1 milhão de espectadores de todo Brasil foram aos cinemas.

Não teria como deixar passar e ainda bem que não deixamos, porque a continuação de “Tropa de Elite” está melhor! Sob a direção de José Padilha, Wagner Moura retoma o papel de Roberto Nascimento, agora Coronel do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) e, posteriormente, sub-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro.

Diferente do primeiro filme, esse longa tem uma história mais madura, mais crítica e que nos dá sensação de traição. A indignação pelo esquema de corrupção aumenta porque vemos quão sujo é o sistema brasileiro. Aquele sentimento de repúdio tende a se tornar mais forte em nós devido à realidade que se mostra nas cenas.

A ação continua em menor quantidade, mas em qualidade igual às do primeiro filme. Na minha opinião, algumas são até mais fortes.

Wagner Moura está, novamente, fantástico e mais dramático, já que agora Nascimento tem um filho adolescente.

Recomendo e acho uma pena que não tenha sido lançado antes das eleições – só entende quem assiste.

Sombra e água fresca

30 set

Entrando em clima de final de semana já… O Allison Ramirez mandou duas fotos de fazer inveja e nos faz querer férias ‘djá’.

Você vai entender do que eu to falando em 3… 2… 1…

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Valeu pelas fotos, Allison! São lindas.

Um vampiro, um lobisomem e uma fantasma dividindo uma casa. Nada mais normal

28 set

Por Thaíza Macedo

A série britânica Being Human conta a história de três criaturas sobrenaturais que tentam seguir com suas vidas, ou pelo menos fazer de suas existências o mais natural possível. O vampiro centenário Mitchell decide parar de matar pessoas para alimento, e sugere a seu amigo George que  procurem um local para viver e dividam o aluguel. George tem um pequeno problema,o qual ele tenta ignorar sempre que pode: todas as primeiras noites de lua cheia ele se transforma em lobo, em um processo doloroso e destruidor. Ao encontrarem o lugar ideal para eles, deparam-se com Annie, uma bela moradora jovem que, feliz ao vê-los, revela que morrera ao cair da escada da residência.

O interessante de Being Human é como a história se desenvolve, o quanto eles precisam se esforçar para se sentirem humanos novamente. Mitchell tem de lidar com sua sede infinita e com sua ex-namorada Lauren, a quem transformou em uma recaída; George, infantil e mandão, quer sempre ser o centro das atenções, colocando sua licantropia (como doença e) sempre em primeiro plano, já Annie tem um simples prazer no pós-vida: ser vista e ouvida por humanos, mas ainda é devotadamente apaixonada por seu noivo Owen, que por sua vez é senhorio dos rapazes e já se casara novamente. Um dos pontos altos é a descrição da transformação de George, que não poderia ter sido feita por ninguém menos que o sangue-frio Mitchell. Após toda uma explicação fisiológica que acompanha o visual, arremata com a frase “é tão cruel que chega a ser… perfeito.” E acaba fazendo o espectador concordar com ele. Essa trama cheia de surpresas e ganchos pelo caminho, aliada aos efeitos e à maquiagem dos atores, é o que prendem o aficionado por ficção, como esta que vos escreve.

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E você acha que a sua vida é difícil?! Fraco. Brigada pela recomendação, Thata!

“Lula, filho do Brasil”, não dos brasileiros

27 set

Por Garon Piceli

O inédito gênero no Brasil, já bastante conhecido lá fora, irritou os grandes patriotas – que não sabem o que é patriotismo, mas eu fiquei contente pela produção

O filme começa com uma trilha sonora agradável, composta pelo grande maestro Antonio Pinto. Vida Nova, Teima e Jornada podem até agradar os compositores  membros do colegiado do Oscar, mas em que categoria o filme pode chegar a ser escolhido à final? Melhor Produção Estrangeira. Se formos avaliar por esse ponto, e deixarmos o idealismo de lado, “Lula, o filho do Brasil”, prima pela beleza, dramaticidade e roteiro, mas população ainda não aprendeu a diferenciar o ufanismo da cultura, uma pena.

A dúvida dos críticos mais conhecedores do Oscar é que a cada edição do maior prêmio do cinema mundial ele se renova e busca roteiros diferentes, claro que a arrecadação conta – e muito, mas um roteiro de dedicação pessoal e expiação já está mais do que batido, e para que premiar um filme estrangeiro assim fabricado nos mesmos moldes, idênticos ao produzidos pelas bandas de lá dos Estados Unidos, se o que eles procuram é a cor do filme espanhol, o roteiro marcante do filme argentino, e as inovações das películas indianas?

O filme sim, tem um itinerário americanizado. Mas vamos combinar a história é de superação e tem muito de cinematográfico na vida de Lula. E ainda deixa margem para uma continuação.

O ponto mais forte da representação do filme foi o jogo que o Ministério da Cultura deu nos brasileiros, que já aprendemos a ser idiotas. Em uma pesquisa realizada no site do Minc, sobre qual filme deveria representar o país na disputa inicial. (Prometendo ainda que o filme com maior votação iria ao  colegiado do Oscar). O filme “Nosso Lar”, disparou nos votos. Mas “Lula, o filho do Brasil”, foi escolhido por unanimidade numa comissão de nove estudiosos  para ser o representante na disputa pelo prêmio de Melhor filme Estrangeiro.  O filme “Nosso Lar”, escolhido pelos brasileiros, nem foi cogitado. Alguma semelhança do ato com a política dos tentáculos?

O cineasta e professor de técnicas cinematográficas, Jean Claude Bernardet, membro da comissão, desvendou a escolha. Ele, como a maioria dos brasileiros,  contou em entrevista a vários portais que não gostou do filme, mas revelou que é o que tem mais potencial para chegar à festa americana. “A comissão se perguntou em função de que critério trabalhar e o critério foi o filme da lista que fosse o mais suscetível de provocar uma reação no exterior.

Que fosse suscetível de emplacar no exterior. Nós resolvemos que, finalizadas as indicações e os votos, a comissão consideraria como unânime, embora outras pessoas pudessem gostar de outros filmes. Houve um critério de que estávamos diante de um ato de política cinematográfica, e não de política partidária. Diante da nossa lista, não tínhamos nenhum filme com um grande ator, um grande diretor, uma grande temática. Era meio previsível que isso acontecesse”, disse.

Sobre o ufanismo político que foi criado como uma barreira ao filme, o cineasta reconhece o fracasso do pensamento nacionalista em relação a cultura do cinema. Enquanto nos Estados Unidos um filme da história de qualquer personalidade é sempre bem aclamado, não pela critica, mas pela bilheteria, no Brasil nem isso acontece. “É um melodrama e funciona enquanto melodrama.

Agora, dizer que seja o tipo de cinema de que eu gosto, não vou dizer isso. Mas é um filme competente, sim. É um filme que faz as pessoas chorarem em certas cenas. É um melodrama e foi feito para isso. Isso não é um pecado. A nossa preocupação foi eventualmente indicar um filme de que pudéssemos gostar mais e isso cair no vazio”, comentou.

Trocando os pés pelas mãos

17 set

Por Bruno Zanette.

Iguaçuense é apaixonado por futsal. Gosta de futebol também, claro. Afinal de contas, ainda estamos no Brasil (apesar de Foz do Iguaçu fazer fronteira com outros dois países, como o Paraguai e Argentina). Mas, não há outro esporte que atrai tanto a população do que aquele jogado em quadra com a bola pesada e cinco jogadores de cada lado.

Ou melhor, não havia.

Aos poucos, uma nova modalidade bastante popular nos Estados Unidos, começa a se destacar na região de tríplice fronteira. Trata-se do futebol americano.

Fundado em 2008 por um grupo de amigos apaixonados por este esporte ainda pouco conhecido da maioria da população, o Foz Black Sharks (Tubarões Negros) vem sendo o grande destaque esportivo em 2010.

Logo no primeiro ano de fundação, disputou o Paranaense da categoria, terminando na terceira posição. No ano seguinte, foi ainda mais longe, chegando à final e perdendo o título para o Barigui Crocodiles e ganhando respeito estadual.

Agora, o Black Sharks almeja ser reconhecido também nacionalmente. Para isso, está participando da Liga Brasileira de Futebol Americano. E nos três primeiros jogos do primeiro turno pela Divisão Branca, conquistou três vitórias.

Começou surpreendendo o Curitiba Brown Spiders, vencendo lá na capital paranaense por 15 a 13. Depois, mais surpreendente ainda foi a vitória, em casa, sobre o atual campeão paulista e vice brasileiro, São Paulo Storm. Não desmerecendo o Foz Black Sharks, longe disso. O time é bom e já provou de sua capacidade. Mas, convenhamos que, por ser tão novo, ninguém poderia esperar jogando de igual para igual com grandes forças do país e que já estão há mais tempo na “estrada”, de maneira tão rápida.

Na última rodada do primeiro turno, ainda derrotou o Brusque Admirals. Agora, começará o segundo turno, onde o Foz jogará duas partidas em casa, e uma fora. O time manda seus jogos no Estádio Pedro Basso, na Vila Yolanda. A arquibancada é modesta, cabe pouco mais de 400 pessoas, no máximo. E sempre lota. Agora, passará a jogar no ABC, um estádio maior. Chance de aumentar a renda com ingressos, que não são caros e ajudam o time, ainda não profissional, nas despesas com viagens.

E como os outros esportes coletivos decepcionaram este ano, o Foz Black Sharks virou esperança de bons resultados. Não à toa, os iguaçuenses estão trocando os pés pelas mãos.

Bruno Zanette é estudante do último período de Jornalismo, autor do blog MZ Esporte (http://mzesporte.blogspot.com) .